Um dos maiores objetivos de programas de repovoamento visando a conservação ambiental é manter a estrutura genética da população local da espécie-alvo. Esta estrutura reflete a história adaptativa do estoque às pressões seletivas locais. Se o estoque local não estiver significativamente depauperado, a estratégia deverá contemplar a escolha do maior número possível de matrizes, de regiões variadas do ambiente a ser recuperado. Entretanto, em regiões onde os estoques da espécie-alvo estão significativamente comprometidos, matrizes deverão, inevitavelmente, ser originárias de outras regiões.
Nos dois casos, é imprescindível a avaliação da proximidade genética das matrizes utilizadas e da população local remanescente. A escolha adequada das matrizes utilizadas determina não só a capacidade de sobrevivência das sementes introduzidas no meio ambiente mas a própria capacidade adaptativa da população resultante e o sucesso do processo de repovoamento.
A implementação de um plano de repovoamento faunístico assistido por marcadores moleculares de DNA é sem sombra de dúvida a mais moderna conduta a ser estabelecida em programas destinados à conservação de recursos biológicos e por sua vez genéticos.
A prática de repovoamento é normalmente orientada por critérios puramente taxonômicos e/ou quantitativos, o que atrai críticas bastante intensas associadas a ausência de critérios que respeitem a história genética e evolutiva das populaçoes manipuladas. Nesse sentido, os protocolos de acesso à diversidade do DNA aqui propostos (reconhecimento, identificação da diversidade molecular e análise de eficácia do processo de repovoamento), aliados aqueles previamente assinalados, permitem o estabelecimento de um amplo panorama sobre diversas características biológicas destes organismos.
Tais parâmetros se concentram na verificação do nível que se encontra a diversidade molecular de DNA entre os estoques das espécies-alvo, na identificação de linhagens evolutivas distintas, na idéia da sua estruturação populacional geográfica e/ou reprodutiva, nas relações hierárquicas entre os seus estoques e, finalmente, no planejamento do manejo reprodutivo destas populações e/ou estoques (estratégia de gerenciamento de matrizes) a serem utilizados no processo de repovoamento.
Marcadores moleculares oferecem, ainda, uma excelente oportunidade de avaliar a eficiência dos processos de repovoamento através da identificação e acompanhamento de indivíduos introduzidos no meio ambiente através dos processos de reprodução artificial. Neste caso, marcadores moleculares de maternidade são utilizados com o objetivo de identificar o binômio fêmeas-prole. Desta forma, o processo de repovoamento pode ser avaliado continuadamente, utilizando-se metodologia de marca e recaptura, determinando a sobrevivência efetiva da população, variação do tamanho populacional após repovoamento, dentre outros.
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Caranguejo-uçá
Neste vídeo (aqui dividido em 3 partes) é apresentado um resumo das diversas etapas de trabalho envolvidas no desenvolvimento da tecnologia de repovoamento de caranguejos para recuperação de áreas de manguezal alteradas. Este é um projeto que começou a ser realizado através de uma parceria com a Petrobras e que hoje conta com a participação e o apoio do Governo do Paraná, através da SETI (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).
Fonte - GIA - Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais
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