Brunno Covello/ Gazeta do Povo
A “Justiceira” - A coisa funcionava assim: quem ganhou ou comprou ingressos para o festival e, por algum motivo, não conseguiu ir às peças poderia doar as entradas. Em frente ao QG do festival no Memorial de Curitiba ou nas portas dos teatros, o Movimento dos Sem Ingresso estava lá com uma galão de água no qual era possível depositar os bilhetes não usados. A ideia nasceu em 2004, quando a então aluna de teatro Débora dos Santos começou o trabalho de “Robin Hood”. “Os professores nos liberavam para assistir às peças, mas não tínhamos grana. Vimos que tinha muita cortesia de empresas que iam morrer no bolso das pessoas e iniciamos este trabalho”, disse. Na edição deste ano, o grupo conseguiu remanejar mais de 1,5 mil ingressos de peças da mostra paralela e principal
FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA
Os arcanos do Festival
Brunno Covello/ Gazeta do Povo

O “Mascarado” - Quem circulou por onde o festival foi encenado, provavelmente se deparou com um espectador misteriosamente mascarado, que, sozinho e em silêncio, acompanhou diversas peças das mostras principais e paralela. A ação, na verdade, era um experimento “artístico, poético e filosófico” de Vitor Hugo, ator profissional e comediante stand up há 15 anos. “Tive essa ideia, que pode parecer idiota a princípio, mas que no decorrer do festival ficou muito interessante”, disse. A experiência se transformou em um diário em que o ator anota as reações de diferentes plateias. “Quando entrei no Teatro Guaíra, fui até a primeira fila lentamente, parei lá um pouco, olhei pra toda a plateia e 80% olhava pra mim. Sentia que a maioria que olhava, cochichava algo do tipo: ‘Eu sei que esse cara faz parte da peça e vai entrar em cena a qualquer momento...’”, relatou no diário. O resultado completo da experiência pode ser lido na página do Facebook do ator: Vitor Hugo Magnífico
Entre peças com atores consagrados na televisão e montagens amadoras, produções caras e espetáculos de rua, além de uma ampla programação paralela, que incluiu música, literatura, cinema, gastronomia, exposição e baladas, a 22.ª edição do Festival de Teatro de Curitiba terminou ontem, entre erros e acertos, com saldo positivo.
Formação de plateia, mobilização da classe artística e ocupação dos espaços culturais não tradicionais foram alguns dos objetivos declarados da organização do festival que foram atingidos.
Entre esses palcos e suas plateias, algumas “figuras” ganharam destaque, seja por posturas polêmicas, ousadias ou pela iniciativa de fazer o teatro chegar a quem tem pouca intimidade com a área. Quem suscitou a maior polêmica foi o grupo catarinense Erro, de Florianópolis, cujo o espetáculo Hasard virou caso de policia.
A peça, que dava ao público a chance de decidir o desfecho do enredo, incluía no “cardápio” ousados 30 segundos de nudez do elenco no final do espetáculo, encenado em plena Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba, e chegou a ser interrompida pela Polícia Militar.
Não foram, porém, só os “pelados” que “causaram” no festival. A Gazeta do Povo mostra quatro personagens que também movimentaram o jogo – na boca de cena ou nos bastidores do evento.
Seja chocando com autoflagelação, como o ator Stéfano Belo, ou intrigando o público, como o ator mascarado Vitor Hugo. Redistribuindo a renda, como o Movimento dos Sem Ingresso ou simplesmente estreando nas cadeiras do festival, como o estudante Matheus Santana. Pois o Festival de Curitiba é feito, essencialmente, de pessoas que amam o teatro.
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